Expulsão de Demóstenes do Partido

SÃO PAULO - O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), defendeu uma investigação interna da Casa sobre os parlamentares supostamente envolvidos com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Além do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), pelo menos cinco parlamentares são citados nas denúncias apuradas pela Polícia Federal.Maia considerou o caso "muito grave" e não descartou a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os deputados. Maia disse acompanhar "com muita atenção" os desdobramentos do caso e pediu ao procurador geral da República, Roberto Gurgel, que encaminhe a investigação à Câmara. - Todas as denúncias sobre este caso são muito graves e dão conta de um envolvimento não adequado entre senadores e deputados que tinham um relacionamento com o cidadão chamado Carlos Cachoeira. São denúncias graves que chocam a todos e que vão precisar ser investigadas no âmbito judiciário, o que já vem sendo feito, e no âmbito da Câmara dos Deputados e do Senado - disse Maia, nesta segunda-feira, depois de encontro com empresários na Fecomércio-SP. O deputado do Rio Stepan Nercesian (PPS) e outros quatro deputados de Goiás foram citados nas denúncias: Carlos Alberto Lereia (PSDB), Sandes Júnior (PP), Jovair Arantes (PTB) e o petista Rubens Otoni. Sobre o colega de partido, Maia amenizou as denúncias, dizendo que datam de 2004 e que já teriam sido discutidas pelo PT em Goiás: - O caso envolvendo o deputado Rubens Otoni é de 2004, que já foi utilizado, analisado e discutido no âmbito político no Estado de Goiás. O PT deve estar analisando essas informações porque o deputado não aparece em situação de investigação da Polícia Federal, tanto no âmbito anterior como nesta operação que foi realizada agora. Segundo Marco Maia, a Câmara aguarda documentos da Procuradoria Geral da República (PGR) sobre o caso para encaminhar uma solução. Segundo ele, a questão pode ser elucidada em uma CPI própria ou na Comissão de Ética. O pedido de CPI já foi protocolado e está sob análise técnica. - Tem casos que nem vai precisar CPI, vão direto para o Conselho de Ética - disse ele. De acordo com o presidente da Casa, as investigações não devem alterar o calendário de votações da Câmara. Na reunião com os empresários paulistas, Maia admitiu que o Congresso viveu uma crise com o governo, devido à insatisfação da base aliada, mas que a situação estaria melhor agora, depois da aprovação da Lei Geral da Copa. Maia disse esperar que os deputados votem, nas próximas semanas, o Código Florestal. O deputado afirmou ainda que está na pauta do semestre a votação da lei de royalties de petróleo. - O relacionamento entre o governo e o Congresso passou por um período de turbulência, também relacionado à falta de acordo para a votação de algumas matérias, entre elas o novo Código Florestal - disse ele, que completou: - Acho que ultrapassamos aquela fase de desacordo para votação das matérias e dos temas na Casa. Vamos ter, daqui pra frente, um período mais tranquilo de ritmo de votações no Congresso.